Passaporte da Saúde

Tenha Sempre à Mão o Seu Passaporte de Saúde

A Vila de Monchique pertence ao distrito de Faro e à região do Algarve, sede de um município com 395,30 km² de área e subdividido em 3 freguesias (Monchique, Alferce e…

Saúde

Descrição do Projeto

A Vila de Monchique pertence ao distrito de Faro e à região do Algarve, sede de um município com 395,30 km² de área e subdividido em 3 freguesias (Monchique, Alferce e Marmelete).

Apresenta um aumento da população com 65 ou mais anos nas duas últimas décadas, o que segue a tendência da distribuição da pirâmide etária portuguesa, um índice de envelhecimento de 319,7%, enquanto a nível nacional é de 127,84% e uma taxa de analfabetismo de 12,0%, muito superior à média nacional que é de 5,23%.  O que vai de encontro aos dados nacionais que revelam que a população Portuguesa se encontra envelhecida, portadora de patologia crónica múltipla e polimedicada.

Os conhecimentos científicos atuais demonstram a importância da promoção da saúde ao longo da vida, na prevenção ou progressão de situações de doença ou dependência, sobre os fatores de risco e as doenças com maior prevalência e sobre o seu impacto nos cuidados de saúde exigem a definição de linhas orientadoras para a manutenção de um envelhecimento saudável, a promoção da autonomia e a melhoria da intervenção dos prestadores de cuidados.

Neste sentido, a ideia de um sistema de saúde centrado no cidadão e o papel que este pode assumir no controlo e gestão da sua própria saúde têm estado presentes na teoria e prática da saúde pública nos últimos anos. A centralidade no cidadão é especificamente conhecida quando acompanhamos a evolução de dois dos pilares da Saúde Pública, a promoção de Literacia em Saúde, enquadrada nos modelos teóricos da educação para a saúde, e a Gestão de Informação de Saúde, apoiada fortemente na evolução dos Sistemas de Informação em Saúde.

A Organização Mundial da Saúde define literacia em saúde como o conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde”.

A Literacia em Saúde implica o conhecimento, a motivação e as competências das pessoas para aceder, compreender, avaliar e aplicar informação em saúde de forma a formar juízos e tomar decisões no quotidiano sobre cuidados de saúde, prevenção de doenças e promoção da saúde, mantendo ou melhorando a sua qualidade de vida durante todo o ciclo de vida. A promoção da Literacia em Saúde, junto das pessoas, das comunidades, e das organizações, constitui-se como uma importante oportunidade e desafio da Saúde Pública.

O projeto “Tenha Sempre à Mão o Seu Passaporte de Saúde”, surgiu de uma necessidade identificada que foi a falta de informação fornecida pelos utentes vítimas do Incêndio de Monchique de 2018, sobretudo os mais idosos, aos profissionais de saúde que prestavam apoio às mesmas, quando chegavam às ZCAP´s (Zona de Concentração de Apoio às Populações) de Monchique na Escola EB2,3 Manuel Nascimento e de Portimão no Pavilhão Arena, sobre os seus dados e antecedentes pessoais, contactos telefónicos de familiares/pessoas de referência, da terapêutica medicamentosa usual e sua posologia, o que dificultava o correto e necessário acompanhamento da prescrição terapêutica do utente.

O Passaporte de Saúde representa uma mais-valia para a saúde e segurança dos nossos utentes. O seu tamanho reduzido (12cm de altura por 8,5cm de cumprimento) permite andar sempre na carteira dos nossos utentes, reunindo um conjunto de informações como, as de identificação pessoal e clínicas, registo de 128 parâmetros vitais (tensão arterial, pulso, glicemia) data da última administração da vacina do tétano, historial de alergias, a medicação habitual e sua posologia e ainda algumas recomendações sobre boas práticas em saúde, alimentação e bem-estar físico, conselhos sazonais sobre os cuidados a ter com o frio e calor, constituição de um kit de sobrevivência e contatos úteis no âmbito das áreas da saúde,  segurança, bombeiros e proteção civil .

Consideramos extremamente importante que os idosos passem a andar com o Passaporte de Saúde sempre consigo para que, em situações de perigo, no caso de se perderem ou se desorientarem, os profissionais de saúde ou a comunidade consiga entrar em contacto com a sua família/ pessoa de referência do utente.

Pretendemos com este projeto promover a reconciliação do utente com o seu médico de família através de uma aposta na promoção da saúde, Consulta de Recurso do Dia, Unidade de Saúde Móvel de Proximidade, Serviço de Urgência, consultas programadas no SNS ou em regime de consultas em outras instituições de saúde, ou mesmo quando se desloca para adquirir os seus medicamentos na farmácia, para que os doentes evitem a duplicação de medicamentos com a toma do mesmo principio ativo.

A concepção do passaporte de saúde teve por base  vários documentos de referência nomeadamente o Despacho nº1400 A/2015-Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020, no que concerne no objetivo estratégico 5- Assegurar identificação inequívoca dos doentes (a identidade dos doentes deve sempre ser conferida através de dados fidedignos, como o nome, data de nascimento e o número do processo clínico na instituição, sendo prática de segurança a existência pelo menos 2 dados destes, no nosso caso temos 3 dados). No mesmo Despacho, o objetivo estratégico 4- Aumentar a segurança na utilização da medicação, em consonância com a Norma da DGS de 018/2016 de 30 de dezembro, definem a reconciliação da medicação processo de análise da medicação de um doente, sempre que ocorrem alterações na medicação, com o objetivo de evitar discrepâncias, nomeadamente omissões, duplicações ou doses inadequadas, promovendo a adesão à medicação e contribuindo para a prevenção de incidentes relacionados com a medicação. Neste sentido, a reconciliação da medicação é um processo que contribui para manter atualizada a lista da medicação de cada doente, bem como outras informações importantes, nomeadamente reações adversas a medicamentos (RAM) e alergias, evitando discrepâncias entre a sua medicação habitual e a medicação instituída em cada momento de transição de cuidados.

Consideramos fundamental que o cidadão seja capacitado para assumir a responsabilidade de primar pela defesa da sua saúde individual e da saúde coletiva. Para exercê-la, o cidadão tem de estar informado, tem de interiorizar tal informação e traduzi-la na alteração dos seus comportamentos menos saudáveis e, quando for o caso, na gestão da sua doença. Só assim o cidadão, individual ou coletivamente, estará capacitado para ser ouvido e participar nas decisões que lhe dizem respeito.

Objetivos Gerais

• Promover um envelhecimento saudável através da promoção da saúde e da literacia em saúde, bem como da prevenção da doença a todos os utentes com mais de 65 anos no concelho de Monchique.

Objetivos Específicos

• Sensibilizar os utentes para a importância de andarem sempre acompanhados do seu passaporte de saúde.

• Sensibilizar e capacitar os utentes para optarem por estilos de vida saudáveis (alimentação e exercício físico).

• Aumentar a literacia em saúde dos utentes.

• Promover as boas práticas em saúde.

• Implementar e monitorizar o processo de reconciliação da medição, e o seu impacto na redução do risco de incidentes relacionados com a medição.

• Contribuir para um aumento do número de anos de vida saudável do utente.